segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O Povo quer Terra, NÃO REPRESSÃO!

O que a sociedade alagoana tem visto no começo desse ano é bastante triste, trabalhadores rurais sem terra, sendo despejados com muita injustiça e violencia de vários acampamentos e perdendo sua unica fonte de geração de renda para essas familias, ainda estão marcadas várias ordens de despejos de terras ocupadas pelos trabalhadores, por isso alguns professores, intelectuais e artistas indgnados com esses acontecimentos escreveram publicamente uma nota de solidariedade aos trabalhadores dizendo não a essa calamidade e ao aprofundamento de exclusão social no nosso estado.
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Leia abaixo a solicitação de apoiadores e a nota escrita pelos professores!
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Amig@s Professor@s, desde dezembro passado o governador Teotônio Vilela vem atacando violentamente os acampamentos dos sem terra através de ações de despejos com a Policial Militar, Cavalaria e Bope como alguns de vocês devem ter acompanhado pela mídia.

Então, alguns professores universitários se reuniram e escreveram uma nota de solidariedade a esses trabalhadores e pretendemos entregá-la as autoridades competentes com o objetivo de ajudar os trabalhadores e a reforma agrária.

Quem se identificar com essa luta e puder assinar a nota, mande um e-mail com o seu nome completo e a instituição para adriano.ufal@yahoo.com.br

A sua solidariedade é muito importante para a efetivação da reforma agrária.



Prof Adriano.



NOTA PÚBLICA DE SOLIDARIEDADE

O ano de 2011 não começou bem para centenas de famílias de trabalhadores rurais sem terra em Alagoas. Cumprindo ordem judicial, a Polícia Militar de Alagoas vem realizando despejos em diversas regiões do Estado. O saldo dessas ações é preocupante e revela mais uma vez a articulação violenta e desumana que historicamente põe os poderes constituídos do Estado a serviço de interesses mesquinhos das oligarquias e contra os pobres e oprimidos. O do direito de propriedade, reservado a poucos privilegiados, sobrepõe-se ao direito à vida digna que é negado aos trabalhadores rurais.

Nas ações de despejo em curso, na verdade desde dezembro passado, estranhamente ao que se convencionou nos últimos anos em Alagoas, vem acontecendo o uso da força e da violência. A presença de tropas de cavalaria e a mobilização de grande contingente de homens para despejar, em certas circunstâncias, um pequeno número de famílias tem como fim impressionar e amedrontar os trabalhadores. São ações perversamente emblemáticas! Famílias têm sido expulsas dos seus barracos e ficam ao relento, sem destino e sem perspectivas.

O emprego massivo de tropas por parte do governo do Estado, inclusive do Bope, fato perfeitamente dispensável, dá o anonimato e favorece a ação truculenta de agentes policiais que, para além de despreparados tecnicamente, atuam movidos por uma cultura policial que enxerga os trabalhadores que se mobilizam e que lutam por seus direitos como inimigos que devem ser caçados e abatidos. No despejo realizado no dia 24 último, em Murici, por exemplo, o trabalhador rural José Vicente Pereira, 63 anos, foi atingido por um tiro no braço. Noutras oportunidades, barracos e plantações foram destruídos. Com tais ações, a PM-AL joga fora o Prêmio Nacional de Direitos Humanos que recebeu ineditamente no Brasil.

Tais ações destoam do discurso oficial do governador Teotônio Vilela. No mesmo dia em que a sua polícia atirava em trabalhadores desarmados que defendiam o direito de plantar e comer com suas famílias, o governador fazia discurso dizendo que a prioridade do seu segundo governo seria “a macro redução da miséria, da pobreza e da desigualdade social em Alagoas”.

O Estado de Alagoas importa cerca de 70% dos alimentos que consome. Suas melhores terras estão historicamente ocupadas pela monocultura da cana de açúcar que sufoca a agricultura familiar. O pouco de alimento que é produzido em Alagoas é graças aos pequenos agricultores e aos assentamentos da reforma agrária. Estes assentamentos somente foram possíveis porque, assegurados pelo direito constitucional de que toda propriedade tem que cumprir a sua função social, os trabalhadores rurais se organizaram e ocuparam as terras improdutivas das usinas e de grandes fazendeiros.

Cabe lembrar também que o governador, quando tomou posse recentemente, disse que a tônica do atual governo seria a ousadia. Perseguir e oprimir trabalhadores rurais, não é novidade. Ousadia seria colocar o Estado a serviço do povo pobre agilizando a reforma agrária e pagando a enorme dívida social para com os trabalhadores, e assim ajudar a transformar uma sociedade historicamente injusta como a nossa num lugar melhor de se viver. Na verdade, o que as ações em curso demonstram é o alinhamento vil do governo com o que há de mais violento, conservador e atrasado em Alagoas: a monocultura da cana e o latifúndio.

Os tristes acontecimentos que afligem os trabalhadores rurais acampados e a todos nós que entendemos ser a injusta distribuição da terra em Alagoas e no Brasil causa de grande flagelo, estão diretamente associados à inércia dos últimos governos do país que não promoveram a reforma agrária. É inaceitável que, por exemplo, famílias ocupem áreas rurais há quase uma década sem que vistoria e desapropriação de tais áreas tenham sido feitas. O Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) tem se revelado uma estrutura inócua, destinada mais a deter a dinâmica das contradições sociais reveladas no campo do que a atender à demanda por reforma agrária indicada pelos trabalhadores. O Estado brasileiro lastimavelmente está a serviço do agronegócio.

A luta por reforma agrária é justa, legítima e urgente entre nós. No campo está a maioria dos 62% dos alagoanos que vivem na pobreza. Portanto, manifestamos a nossa profunda identidade com a causa e a luta desses trabalhadores, a nossa solidariedade e indignação diante das ações que são contrárias à efetivação dos seus mais fundamentais direitos como o direito à alimentação, moradia e liberdade.



Assinam:

Cicero Adriano Vieira dos Santos, UFAL

Cicero Albuquerque, UFAL

Fabiano Duarte Machado, IFAL



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"O amanhã pertence a nós trabalhadores!" (hino do MST)
O Movimento Estudantil de Gestão Ambiental do IFAL APOIA essa luta!

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